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domingo, 10 de abril de 2022

O Lobo e a viagem da índia

Adormecido, despertou...
Não pelas luas cheias que o rodeiam. 
Mas o faro dela irresistível... 
O faro da caça... 
O Lobo persegue aquele odor de carne... 

A presa deseja ser caçada... 

Ela quer ser tomada, flutuar no ar... 
Pega por trás... 
Quer os seus cabelos naqueles dedos que puxam...
Sentir o aperto na pele.
Os dentes em seus lábios.
A enorme língua do lobo em passeio nos seios.
O frio da parede em que é encostado o seu corpo.
A humidade do calor do corpo que a pressiona.
Sugada pela mesma língua que sua boca devora.

Ela o torna presa agora.

Submete o Lobo aos seus desejos.
Suas unhas deixam suas marcas.
Desenha seu desejo naquele corpo.
Afoga o lobo em sua humidade
Ele não pode se mexer.
Ela dita as regras dos corpos.
Marca o ritmo como é penetrada
Suada, mas não cansada.
Devora o Lobo como na Lua
Fica cheia com ele

Sente o fluir como seu.
Do Lobo que procurava a presa
Da presa que virou Loba.
Na viagem da índia

Foto de Steve no Pexels

sábado, 13 de janeiro de 2018

A viagem da índia

Era tempo de lua azul.
Duas luas cheias marcam o ciclo.
O odor das especiarias de sua pele o despertam
Comanda os tempos e acções.

Seduz de maneira contida, mas voraz são seus instintos, o desejo deve ser satisfeito nos pensamentos, a brisa dos tempos que os ligam deve ser degustada no prato quente do conforto da mente.

Ela o saboreia sem ver... A humidade dos odores especiais... O corpo que o envolve tem sede das cores que a penetram... Marca o ritmo selvagem de sua essência, aprisionado e refém, ele perde seus centímetros para aquela boca suculenta...

O arrepio sentido mostra o caminho certo, aconchego de eras, sintonia no beijo, ou mais uma surpresa, corpos que se guiam, sem lugar certo, em qualquer lugar, a loucura pode ser feita.

Ela estica os seus braços, comanda os desejos, se liberta e sente as energias do poder que tem... Cabelos soltos percorrem a pele dele que se deixa aprisionar, ela o encontrou, ele sabe que deve ser assim... Despertou nela esta sede, o sorriso nela quer mais... Suas mãos desenham em passeio no corpo dele, toques subtis de vontades remotas... Num instinto de caça o faz presa...

Fica presa naquele viciante movimento dos tempos que colocam o corpo dele dentro dela.

A sintonia não podia ser mais perfeita agora, tudo faz sentido nos sentidos, ela adora aqueles dedos em sua pele, como na viagem da índia...

A lucidez entorpecente da união dos odores despertam neles os caminhos novos dos tempos, caminham juntos e em paralelo...

Sem se tocar se sentem...
Falam com a mente...
Mente que não mente.
O que a gente sente.

O encontro é fugaz.
Mas já não sou rapaz.
Você traz a paz.
E nada a desfaz

Quer ser domada.
Domar e amada.
Se sente encantada.
Como pode ser assim tocada.

Em todas as suas viagens.
Da terra a outros mundos.
A semente que brotou no momento.
Na viagem da índia.